quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O leite da mulher amada



No seio direito mamava o marido. Mamava o amante no esquerdo. Sem que um soubesse do outro, e o outro pensasse muito no um. Ambos, porém, cobiçando o peito que não lhes cabia, e que ela negva pretextando ardências - não fosse um esvaziar o seio reservado ao outro, desencadeando um universo de ciúmes.
Mas a posse garantida e o uso constante tornavam o marido cada vez mais exigente, sempre disposto a queixar-se da qualidade do leite. Ora parecia-lhe muito amargo, ora invectivava por achá-lo fraco. E sempre afirmando que o outro seio deveria estar melhor, aredia a mulher por negá-lo, acusando-a inclusive de piorar propositadamente o produto.
A necessidade de solução ficou patente para ela na tarde em que, tomada de desespero, surpreendeu-se invejando as Amazonas. Chamou o marido, e com voz contrita lhe disse que sim, ele tinha razão, fora nos últimos tempos esposa descuidada, permitindo que ele bebesse leite por vezes mais áspero que o das cabras. Isso não tornaria a se repetir. De agora em diante, um provador testaria o leite antes que chegasse aos lábios conjugais e, estando um seio ácido, recorreriam ao outro, para que nunca faltasse o precioso néctar a quem de direito.
E foi assim que, tendo sido nomeado o amante para o cargo de provador, instalou-se este com lábios ávidos, sempre dispoto a provar e comprovar, garantindo com sua experiência a satisfação do marido. Agora, um de cada lado, mamam os dois. Enquanto ela, generosa, se oferece na grande cama.

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